29/12/2006
Usando como base dados do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE) da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), de
Ana Paula, que abordou o tema em sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, conta que após as perguntas, o entrevistador deveria responder se observou sinais de violência no idoso e quais eram esses sinais. A partir das respostas positivas a essas questões, ela relacionou essas perguntas às demais características observadas no questionário.
No Brasil, o Estudo do SABE foi realizado
Perfil
A maioria dos entrevistados da SABE tinha entre 60 e 74 anos, mas grande parte dos idosos com possível sinal de violência tinha 75 anos ou mais. "Aparentemente são os mais velhos que sofrem mais com o problema", diz Ana Paula. Nesse perfil também estão inclusos os solteiros ou viúvos e as pessoas com menor escolaridade.
Esses idosos, em geral, também apresentavam, algum declínio cognitivo, como perda de memória ou dificuldade para realizar atividades do cotidiano. Os sinais de provável violência também eram maiores nos que tinham alguma doença neurológica, reumática ou psiquiátrica. "São problemas limitantes, que causam maior dependência e podem deixar os idosos mais vulneráveis", explica a psicóloga. A maior parte deles também apresentava uma depressão leve. Um número muito grande de quedas também pode ser indicador da existência de violência.
Negligência
Segundo Ana Paula, na maioria dos casos a violência parece ocorrer mais por situações de negligência e violência psicológica: como a falta de um ambiente adequado para a residência do idoso e o despreparo para atender suas necessidades e desejos. "Há um tênue limiar entre a violência, a desinformação e a falta de condições. Um idoso pode não ter ajuda para o banho ou ficar sozinho em casa porque sua família precisa trabalhar para comprar seus remédios, por exemplo", conta a psicóloga.
Ela lembra que não é possível condenar, sem antes dar condições e informações sobre os cuidados necessários. "A prisão de um familiar por negligência, prevista no Estatuto do Idoso, neste caso pode apenas transferir a forma de violência: retiramos o idoso de sua família e colocamos em uma instituição, sem preservar seus laços sociais, que deveriam ser prioridade no seu atendimento". Além disso, traz à tona a questão do que fazer com esse idoso. Ele geralmente não tem mais condições de morar sozinho e nem sempre o asilo é uma opção melhor. "Essa é uma das grandes barreiras à denúncia da agressão, a punição da família muitas vezes não resulta em melhores condições para a vida do idoso", ressalta Ana Paula.
Cerca de metade dos casos de possível violência, relacionava-se a abuso psicológico, o que inclui o abandono e a negligência. Segundo a pesquisa, 63% dos idosos que têm sinal de violência dependem de ajuda para suas tarefas do dia-a-dia, mas não a recebem. Outros 21% recebem auxílio de apenas uma pessoa. Um dos questionamentos da psicóloga é se isso acontece porque os familiares não podem ou porque não querem auxiliá-los.
Fonte: Agência USP
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